Guia do estilo ecléctico: tudo o que precisa de saber

Sílvia Cardoso – homify Sílvia Cardoso – homify
ANTONIO CARLOS RESIDENCE, Mauricio Arruda Design Mauricio Arruda Design Comedores eclécticos
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É interessante abordar o estilo ecléctico como algo que une ou que aspira a conciliar ideias e objectos. Portanto, um espaço de características eclécticas permite a convivência de elementos díspares que dialogam entre si em perfeita harmonia. Estes objectos podem pertencer a diferentes períodos ou estilos decorativos e os seus detalhes, formas e texturas actuam entre si de forma a transformar o caos em coerência.

Neste guia, analisaremos os elementos chave para ser bem sucedido na construção de um ambiente ecléctico, recordando que a regra de ouro é: não existem regras!

Mobiliário

O estilo ecléctico é um sistema de junção entre elementos díspares. Assim, se queremos criar um verdadeiro ambiente ecléctico, é muito importante que as peças de mobiliário ou elementos a utilizar mantenham uma forma, escala e tamanho em comum. Um bom exemplo disto podem ser, por exemplo, móveis com o mesmo tipo de acabamento, cor ou forma, independentemente do seu estilo ou período decorativo.

Falando de cadeiras e de sofás, podemos fazê-los combinar utilizando estofos parecidos ou adicionando-lhes almofadas do mesmo género. Não se trata de dar rédea solta a todas as coisas que encontramos e gostamos amontoando tudo, mas sim de eleger cuidadosamente as melhores coisas de entre diferentes estilos.

Paredes e pisos

Utilizar uma base neutra nas paredes ou pisos de sua casa é sempre uma boa ideia. Apesar de tudo ser permitido e de as possibilidades serem infinitas, é também uma boa ideia utilizar cores pouco saturadas e suaves. As melhores cores neutras para estes espaços são os cinzentos e os beges. Em caso de ser necessária uma cor de maior dimensão e profundidade, a utilização de um tapete com textura ou de uma pintura/desenho pode ser uma ideia inteligente e eficaz.

No que diz respeito aos tapetes, recomendamos que os escolha apenas depois de ter a obra pronta pois isso permite conhecer melhor o espaço, perceber as dimensões disponíveis e ligar de forma mais correcta a tapeçaria com a decoração. Um tapete demasiado contrastante com o resto espaço pode criar um efeito pop indesejado para uma decoração ecléctica.

Cor

No estilo ecléctico recomenda-se uma transição planificada e discreta de cores entre os ambientes visto que, desta forma, a casa é vista como um todo e não como um conjunto de espaços individuais e autónomos.  

Já que todas as cores são permitidas entre os elementos do estilo ecléctico, manter a paleta o mais reduzida possível pode ajudar a nossa mente a criar, de forma mais fácil, grupos de elementos. Assim, entenderemos melhor o conceito de espaço e as suas áreas e divisões.

Repetição e simetria

No estilo ecléctico existe uma falsa desordem. Quando bem executada parece casual e despropositada, mas na verdade é pensada ao detalhe.

Uma regra muito importante no que ao design e planeamento diz respeito é a da simetria e a repetição de objectos. Se uma parede tem uma cor, a oposta deverá ter um elemento com tons similares. Nenhum elemento ou textura deverá permanecer sem o seu “parente” dentro de um espaço ecléctico. O mesmo se aplica às formas, aos padrões e aos desenhos. Desta forma, conseguimos que distintos objectos dialoguem entre si e sejam simetricamente espelhados. O resultado final é visualmente agradável.

Iluminação

A iluminação tem rédea livre para ser tão original quanto desejado. Com uma variedade infinita de formas e de cores, nos seus diversos acabamentos e telas, as luzes podem ser dolorosamente contrastantes com o espaço. O sucesso da iluminação eclética reside na simetria dos seus elementos, permitindo um diálogo perfeito entre os vários tipos de suporte, desde candeeiros de pé e de mesa até às luzes de tecto. Mesmo que os elementos físicos sejam diferentes na sua origem e época, o objectivo passa por conseguir um equilíbrio e balanceamento perfeito entre a luz, a sua função e as suas características.

Espírito

O estilo ecléctico não se deve confundir com rebeldia. É fácil entendê-lo se pensarmos que ele se constrói por camadas e que os estilos presentes estão representados em cada uma delas, interligando-se de forma harmoniosa. Embora os elementos decorativos sejam diferentes, têm uma missão única e destacam-se em conjunto de forma a permitir alcançar um propósito.

Aparadores

Um aparador é um móvel estreito e alto, de apoio ou apenas com um fim decorativo, onde normalmente se encontram objectos tais como livros, fotografias, candelabros, adornos, flores, entre outros. Estes objectos representam o interesse dos proprietários, as recordações, os reflexos da realidade e do dia-a-dia. O aparador deve, por isso, ser colocado perto de uma fonte de luz, especialmente se o espaço está confinado a algum canto mais escuro da casa. 

Um aparador é um pequeno momento ecléctico dentro do espaço. É uma forma fácil e segura de incorporar o estilo ecléctico em qualquer ambiente.

Os objectos devem estar organizados seguindo esquemas visuais de peso onde existe uma simetria invisível baseada no princípio de que dois objectos pequenos devem contrabalançar com um de maior dimensão.

Acessórios

Um ambiente ecléctico não se pode apreciar como tal se não possuir objectos e recordações interessantes. A melhor forma de organizar estes objectos é agrupando-os segundo a textura e a cor. Nas paredes, os quadros e as fotos são uma boa opção. O segredo é que não representem sempre as mesmas coisas ou não sejam da mesma colecção.

No caso das almofadas podemos optar pelas mesmas cores, mas combinadas em formas distintas. As tranças e outros detalhes de tecido são opções a ter em conta, já que servem para destacar os elementos uns dos outros.

Uma colecção de diferentes pratos decorativos pode conviver de forma harmoniosa se alguma das formas ou cores se for repetindo ao londo da série. Os objectos metálicos, como candelabros, molduras e outros, também devem partilhar a materialidade para coabitarem no mesmo espaço.

Note que em todas as divisões deve existir um ponto focal de referência e um elemento surpresa que se destaque do resto e transforme o espaço em algo ainda mais interessante.

Conclusão

Talvez estejamos perante o mais intrincado e complexo de todos os estilos decorativos. É possível passar com muita facilidade do cuidado e sofisticado para o kitsch e duvidoso. Mas, sem dúvida que, bem trabalhado e conseguido, o estilo ecléctico impõe-se como uma forma decorativa mais cultural e viajada, mais rica em objectos e em histórias para partilhar.

Na imagem mostramos uma sala de estar decorada em estilo ecléctico e projectada pelo estúdio Gutman+Lehrer.

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